07 de Setembro de2024


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LA CATEDRAL

PC conclui inquérito que investiga esquema que ocorria dentro da cadeia de Primavera do Leste

Ao todo 19 pessoas foram indiciadas por diversos crimes

Jaqueline Hatamoto

60 dias após a deflagração da operação ‘La Catedral’ que apura a existência de uma associação criminosa que se formou para comprar facilidades e a facilitar a saída de pessoas presas na cadeia pública de Primavera do Leste, para atividades ilegais, a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou 19 pessoas pelos crimes de tráfico de drogas, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e corrupção para o tráfico.

O delegado Rodolpho Bandeira explica que, apesar da operação ter sido deflagrada em maio de 2024, as investigações iniciaram em 2023.

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“Trata-se de uma investigação bastante complexa que se iniciou no ano de 2023, devido a sua complexidade, que teve análise de relatórios financeiros que demandou um certo tempo. O inquérito foi finalizado e houve o indiciamento de 19 envolvidos, quatro pessoas pelos crimes de tráfico de drogas, e os demais pelos crimes de corrupção ativa e passiva, bem como lavagem de dinheiro, se somadas, todas as penas ultrapassam seguramente 30 anos”, expôs o delegado.

A investigação, de quase um ano, reuniu diversas informações produzidas a partir de relatórios financeiros e investigativos e identificou atividades ilegais envolvendo pessoas presas e o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste. A Polícia Civil apurou a existência de uma associação criminosa que se formou para comprar facilidades e movimentar dinheiro obtido ilegalmente e promover a lavagem de capitais por meio de empresas de construções e, ainda, ofertar vantagens ilícitas a servidores públicos.

Dados analisados do relatório de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) demonstraram transações realizadas entre os próprios investigados, corroborando, assim, os vínculos típicos de associação criminosa.

Entre fevereiro de 2022 e novembro do ano passado foram feitas movimentações bancárias em valores que vão de 485 mil a 24 milhões de reais. Além das transações entre si, os investigados também receberam créditos e efetuaram depósitos em contas bancárias de presos ou familiares de presos.

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Para legitimar os valores recebidos, os investigados utilizaram terceiros e também de pessoas jurídicas para movimentar os valores ilícitos. Houve ainda a aquisição de veículos e imóveis para dar aparência de legalidade ao dinheiro. Parte dos bens foram apreendidos pela Polícia Civil durante os desdobramentos da operação ‘La Catedral’.

“Essa investigação teve medidas cautelares, entre prisões e buscas, e ainda os sequestro e arestos de bens destes investigados. Somando tudo, entre imóveis, móveis, veículos entre outros, ultrapassa o valor de R$ 30 milhões recuperados e apreendidos. Apreensão essa de extrema importância, principalmente para descapitalizar essas associações criminosas, porque só assim conseguimos enfraquecer o esquema”, explicou o delegado Rodolpho Bandeira.

Entre os pagamentos de propinas para o diretor da cadeia pública, foi apurado que Janderson Lopes, que é apontado como líder do esquema, teria transferido R$ 20 mil, por intermédio de outras pessoas, para conseguir trabalho externo. Além dele, outros presos também teriam feito pagamentos para o trabalho extramuros.

O diretor da Cadeia Pública de Primavera do Leste, Valdeir Zeliz, é um dos indiciados no inquérito, por diversos crimes.

“Foi indiciado pelo crime de lavagem de dinheiro, pelo crime de corrupção ativa e passiva. E ficou comprovado que ele agia tanto através de laranjas, como também recebia os valores ilícitos em suas próprias contas bancárias”, ressaltou o delegado.

Um dos principais alvos da investigação é Janderson dos Santos Lopes, de 30 anos, detido em regime fechado na unidade prisional de Primavera do Leste, após ser condenado a 39 anos de reclusão. Apesar de recluso, a Polícia Civil identificou que ele tinha total liberdade para continuar com suas atividades criminosas lideradas a partir da cadeia pública.

Janderson foi alvo de duas operações anteriores da Polícia Civil - Três Estados e Red Money - que investigaram os crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele e a esposa tiveram os bens confiscados e arrestados nas operações.

Porém, após pouco mais de um ano de sua transferência para a cadeia de Primavera do Leste, Janderson adquiriu um considerável patrimônio, incluindo a abertura de empresas; compra de uma frota de caminhões com reboques e semirreboques; imóveis em Cuiabá, Primavera do Leste e Poxoréu; e veículos de luxo para ele e para sua esposa, que também foi presa. Além disso, ele ostenta em rede social uma vida de alto padrão, compartilhando imagens de seus caminhões, carros, construções imobiliárias e também de gado bovino, como se fosse um cidadão livre.

A equipe de investigação apurou que o criminoso tinha autorização judicial para trabalhar externamente e frequentar a faculdade em Primavera do Leste. No entanto, no período de investigação, a equipe policial constatou que ele não compareceu ao trabalho e nem às aulas do curso.

No ano passado, a Delegacia Regional de Primavera do Leste instaurou investigação para apurar supostas irregularidades na cadeia pública local, conforme apontado em correição realizada pelo Tribunal de Justiça em 2022. No inquérito, foi relatada a existência de um esquema de corrupção na venda de benefícios dentro da unidade prisional que incluíam, principalmente, a autorização de trabalho externo e alojamento privilegiado na cadeia.

Apesar de concluído o inquérito as investigações continuam.

“Ainda restam diligências a serem feitas, foram apreendidos vários celulares que ainda passam por perícia técnica, e com certeza ainda vamos continuar apurando o fato. O inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que é detentor de realizar a denúncia criminal, para que os criminosos possam responder pelos crimes cometidos”, finalizou o delegado.

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