Uma enorme nuvem de fumaça encobre o céu de Primavera do Leste há pelo menos quatro dias. A fumaça pode ser vista de longe, principalmente por pessoas que moram nas regiões das furnas, a impressão que se tem, é que a cidade inteira esteja queimando, mesmo com nenhum foco na área urbana. Porém, a fumaça está relacionada à chegada de partículas oriundas da fumaça produzida em incêndios florestais, registrados na região.
Os incêndios em várias localidades, como Vale Verde, Paraíso do Leste, Jarudore, Alminhas, Tesouro, Paranatinga, entre outros locais, têm impacto direto na fumaça que encobre Primavera do Leste.
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“Aqui na nossa regional, principalmente na região de Paranatinga e Poxoréu, são regiões que estão queimando, e os ventos acabam trazendo essa fumaça para cidade, principalmente à noite, e então conseguimos visualizar essa fumaça principalmente pela manhã”, destacou o subcomandante da 6ª Companhia Independente do Corpo de Bombeiros de Primavera do Leste, Leonardo Cuiabano Kunze.
Alguns focos de incêndio seguem em monitoramento por parte do Corpo de Bombeiros, que inclusive acompanha a situação seja via equipe terrestre ou via satélite.
“Tanto nós daqui da regional, como o pessoal que se encontra na sala de monitoramento em Rondonópolis, nós estamos realizando o acompanhamento diário, principalmente nas regiões de aldeias indígenas”, explicou.
Quanto a origem desses incêndios, perícias ainda serão realizadas para saber a real causa.
“Alguns incêndios, principalmente os registrados em áreas de difícil acesso, não podemos precisar de que forma começaram, mas são realizadas perícias e aí poderemos afirmar. Mas em alguns casos, por exemplo, o fogo foi registrado próximos a aldeias indígenas, pois o colocar fogo, trata-se de uma cultura deles, mas por enquanto não podemos afirmar, que realmente tenha ligação”, expôs Kunze.
20 pessoas já foram presas por atear fogo
O Governo de Mato Grosso já indiciou 112 pessoas por colocar fogo em florestas, plantações e áreas urbanas ao longo de 2024. A informação foi revelada pela delegada Liliane Murata, da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema), durante o novo episódio do podcast MT Conectado, disponível no YouTube.
“Neste ano, já prendemos 20 pessoas em flagrante e temos 112 pessoas indiciadas pelo crime de incêndio, além de 122 inquéritos instaurados. Todos os órgãos estão bem equipados para identificar, saber como foi a evolução do fogo e prender os responsáveis por degradar o meio ambiente com o fogo. A pessoa que cometeu este crime não sairá impune. É tolerância zero!”, afirmou a delegada. Uma das prisões ocorreu em Primavera do Leste, após a pessoa ser flagrada colocando fogo em um terreno no Jardim Europa.
Além destas ações, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado também atua na fiscalização e aplicação de multas por uso irregular do fogo, sendo o único do país. Neste ano, são R$ 74,5 milhões de multas aplicadas e mais de 20 máquinas apreendidas.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Flávio Gledson Vieira, alerta para os prejuízos que os incêndios podem causar.
“Os incêndios prejudicam não só o meio ambiente, mas também a saúde das pessoas. Os bombeiros estão sobrecarregados e com um trabalho árduo em campo, e muitas das demandas atendidas são causadas por ação humana. Estamos recebendo muitas denúncias desses crimes e os órgãos de segurança estão chegando e identificando essas pessoas. Pedimos a colaboração da população para que tenha cuidado e evite qualquer tipo de queimada, principalmente nessa época do ano em que passamos por esse período de seca severa”, ponderou o comandante.
O subcomandante de Primavera do Leste, Leonardo Cuiabano Kunze, orienta a população a denunciar caso se depare com alguém ateando fogo, seja na área urbana ou rural.
“Nossa orientação é denuncie via 193 ou 190, pois essa pessoa pode ser penalizada. O que também tem nos ajudado bastante são as câmeras de monitoramento, que mostram as ações que são comprovadas depois via perícias”, finalizou.
A conduta de provocar incêndio, tipificada como crime contra a flora e fauna, é prevista no artigo 250 do Código Penal Brasileiro, e também no artigo 41 da Lei Ambiental nº. 9.605/98.
Liderando o ranking
De acordo com o monitoramento de queimadas feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -INPE, o estado lidera o ranking de área queimada no Brasil em 2024. Entre janeiro e agosto deste ano, Mato Grosso concentrou 21% da área atingida pelo fogo no Brasil, com 2,3 milhões de hectares queimados.
Alertas constantes
Diariamente a Defesa Civil emite alertas em relação a umidade relativa do ar, e risco potencial para incêndios e para saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde o contato com a fumaça deve piorar a situação de pessoas com problemas cardíacos, respiratórios, imunológicos, entre outros, que devem buscar atendimento médico para atualizar seu plano de tratamento. Manter medicamentos e itens prescritos pelo profissional médico disponíveis para o caso de crises agudas. Buscar atendimento médico na ocorrência de sintomas de crises. Avaliar a necessidade e segurança de sair temporariamente da área impactada pela sazonalidade das queimadas.