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DIREITOS HUMANOS

Capacitismo: linguagem preconceituosa reforça barreiras para inclusão de pessoas com deficiência

“A linguagem capacitista demonstra nossa visão distorcida do indivíduo com deficiência”, diz o Defensor Público André Naves

Assessoria de Imprensa

Expressões capacitistas, que estão impregnadas em nosso vocabulário, podem parecer inofensivas para muitas pessoas. No entanto, elas sinalizam preconceitos e uma visão distorcida da sociedade em torno das pessoas com deficiência. É comum, por exemplo, ouvirmos: “não temos braços para realizar este trabalho” ou “que mancada!”. Muitos ainda não percebem a discriminação embutida nestas frases.

O capacitismo é uma forma de presumir que pessoas com deficiência são inferiores por terem corpos fora do padrão social. E por meio de expressões usuais, associa características negativas a pessoas com deficiência, utilizando frases e adjetivos pejorativos. São várias as expressões que usamos naturalmente, sempre associadas a problemas ou dificuldades, que traz referências a algum tipo de deficiência. Quando dizermos que alguém é “cego de amor”, é “retardado” ou mesmo que “está dando uma de João sem braço”; estamos perpetuando nossa visão preconceituosa, fazendo associações, de forma equivocada, a pessoas com deficiência, que de algum modo seriam inferiores.

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A boa notícia é que o combate ao preconceito é uma pauta cada vez mais presente nas discussões atuais. A Fundação Oswaldo Cruz, por exemplo, lançou a cartilha “Combata o Capacitismo”, que é distribuída pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, em parceria com o Ministério da Saúde. O guia traz orientações à população para o enfrentamento do capacitismo e dicas para substituição de expressões capacitistas em nosso dia a dia.

“A linguagem capacitista é fruto de uma cultura arraigada em nossa sociedade, que ainda carrega a visão preconceituosa de que o indivíduo com deficiência não é um cidadão como qualquer outro e, de alguma forma, menospreza a sua condição. É importante lembrarmos que o corpo humano é capaz de se adaptar a diversas situações. Somos únicos e diferentes e devemos conviver com as diferenças de forma natural, sem adotarmos uma postura de superioridade em relação a quem tem deficiência. Quando nos dirigimos ao PcD, por exemplo, com um “Nossa, nem parece que você é deficiente”, ou “Fulano não tem cara de autista”, ou “Coitado, ele é meio doidinho”, estamos reforçando os estereótipos e naturalizando a exclusão”, afirma o Defensor Público André Naves, que é especialista em Direitos Humanos e Inclusão.

Ao lembrar que cerca de 24% dos brasileiros possuem alguma deficiência, André Naves enfatiza a importância de a sociedade discutir o capacitismo. “Presenciamos, a cada dia mais, importantes manifestações contra o racismo estrutural, a homofobia, o etarismo, a gordofobia. Precisamos promover também maior mobilização em torno da luta das pessoas com deficiência, que necessitam de mais respeito e inclusão, seja na escola, no trabalho, nos transportes, no convívio social. É urgente que a sociedade discuta ações necessárias para a construção de ambientes mais inclusivos para os PcDs. E uma das formas de combater a discriminação é excluir de nosso vocabulário palavras e expressões capacitistas”, afirma o Defensor Público.

Portanto, é fundamental estarmos atentos para substituir essas frases e expressões por outras mais respeitosas e inclusivas. Ao invés de dizer, por exemplo, “não temos braços para realizar este trabalho”, podemos dizer “não temos pessoal para isso”, ou “não temos estrutura suficiente”. No caso da expressão “deu uma de João sem braço”, podemos substituir por “fugiu da responsabilidade” ou “se fez de desentendido”.

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