Começou na sexta-feira, o plantio da soja nas propriedades rurais de Primavera do Leste, Campo Verde e em todo o estado de Mato Grosso. O vazio sanitário da soja terminou em Mato Grosso e, com isso, os agricultores já podem dar início ao plantio da próxima safra.
Primavera do Leste deve cultivar nesta safra em torno de 300 mil hectares com soja. A área é praticamente a mesma do ciclo 2021/22. A projeção para a produtividade, entretanto, é baixa frente a anterior, sete sacas a menos por hectare.
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O presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, Marcos Bravin, revela haver uma perspectiva de colheita de 50 sacas por hectare em média. “No nosso município, em um ano como esse, a gente espera menos por causa da diminuição de fertilizantes. Quem conseguiu comprar cedo, recebeu. Quem deixou para comprar mais tarde, além da alta valorização, está vendo atraso na entrega”.
A região de Primavera do Leste é composta por dez municípios, que juntos devem cultivar aproximadamente 1,6 milhão de hectares de soja nesta safra. Nas áreas de sequeiro, com expectativa de semeadura a partir de meados de outubro, a recomendação é de cautela para garantir uma boa germinação das plantas.
A cautela em tais áreas, conforme o presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, é devido os altos custos. “A gente pede aos agricultores ter cautela. Esperar ter uma umidade boa no solo para soltar o plantio”.
Aprosoja-MT pede cautela diante custos
A cautela para iniciar os trabalhos nos 11,8 milhões de hectares destinados a soja nesta safra segue sendo a palavra de ordem. Não apenas em decorrência as chuvas que ainda não chegaram, mas quanto a investimentos diante o atual cenário de custos altos.
Somente com insumos, por exemplo, os gastos estão 70% maiores que na safra 2021/22.
“O produtor rural é um homem que joga todas as suas fichas no investimento, quando a variável principal é o clima. A gente vem de um cenário em que o margeamento, a viabilidade de investimento, está sendo feita com as máximas das commodities, tanto a soja quanto o milho, seja uma máquina, uma estrutura de armazenamento e a própria safra. Então, é preciso muita cautela no investimento. Avaliar o curto e médio prazo”, diz Fernando Cadore, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).
Cadore lembra que o principal insumo de toda produção é a viabilidade. “O produtor tem feito a sua parte. Precisamos que os poderes públicos façam a sua também. Precisamos de infraestrutura, logística, políticas, como o Plano Safra, que atendam ao produtor”.
Área de soja convencional deve crescer quase 35%
Área destinada a soja convencional em Mato Grosso deve crescer quase 35% na safra 2022/23. Prêmios mais atrativos e variedades produtivas são as motivações. Plantio da oleaginosa no estado está liberado a partir de 16 de setembro.
O estado deve semear na safra 2022/23 uma área de 491,6 mil hectares com soja convencional. A destinação é superior aos 365,2 mil hectares do ciclo 2021/22, de acordo com o Instituto Soja Livre.
Segundo o Instituto, o Paraná também deve ampliar sua área de cultivares não-transgênica de 211,5 mil hectares para 264,3 mil hectares, bem como Goiás de 64,6 mil hectares para 85,3 mil hectares.
O Brasil deve plantar 40,9 milhões de hectares de soja na safra 2022/23, dos quais cerca de 11,8 milhões de hectares estão localizados em Mato Grosso. A soja convencional deve ocupar 986,2 mil hectares, ou seja, 2,4% da área nacional. O estado segue como o que mais cultiva variedades não-transgênica, com 49,85% do total da produção de soja livre.
A soja convencional voltará a ser cultivada na Fazenda JJ, em Campo Verde, na safra 2022/23 após cinco anos. Na propriedade de três mil hectares a produtora rural Vitória Cimadon e seu pai, José Jorge, devem destinar para a produção de soja livre 500 hectares.
“Atualmente, existem variedades de soja convencional que tem boa produtividade e são resistentes a nematoides, por exemplo. Além disso, os prêmios pagos pela soja não-transgênica são atrativos”, explica a produtora a decisão de retornar o plantio da soja convencional.
Conforme o diretor técnico do Instituto Soja Livre e pesquisador da Embrapa, dr. Odilon Lemos, as variedades de soja convencional disponíveis no mercado estão cada vez mais adaptadas aos solos e climas de cada região e com alta produtividade.
“Há muitas opções para os agricultores, com variedades com resistência a nematoides, ferrugem, entre outros. A expectativa para safra de soja convencional é otimista, com bons prêmios para quem conseguiu fechar negócios. Ainda, a entrada de grandes grupos no mercado também é importante indicador de melhoria”, pontua Odilon.
Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revela que a média de produtividade das variedades de soja convencional na safra 2021/22 no estado foi de 65,5 sacas por hectare. Ao se comparar com a média da safra de soja total de 59,33 sacas por hectare, verifica-se as variedades convencionais superaram a média estadual em 6,2 sacas por hectare.