27 de Julho de2024


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DESTAQUES Quinta-feira, 30 de Maio de 2024, 08:30 - A | A

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AGRO SUSTENTÁVEL

Primavera do Leste é exemplo na logística reversa de embalagens de defensivos

Por dia, a unidade do Cearpa recebe uma média de 7 a 10 toneladas de embalagens

Jaqueline Hatamoto

Todos os dias, dezenas de veículos chegam ao pátio do Conselho Estadual das Associações de Revendas de Produtos Agropecuários – Cearpa de Primavera do Leste, para realizar a entrega de embalagens de defensivos agrícolas, utilizados por grandes, médios e pequenos produtores. A expectativa é que apenas no mês de maio, 160 toneladas de embalagens, tenham a destinação correta, ajudando a promover diretamente a qualidade de vida na cidade.

A implantação de unidades de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas, segue os preceitos da Lei nº 9.974/00, que disciplinou a logística reversa desse material e estabeleceu responsabilidades compartilhadas entre agricultores, canais de distribuição, indústria e poder público. Porém, Primavera do Leste sempre esteve na vanguarda, tanto, que antes mesmo da existência da responsabilidade legal, o recebimento das embalagens foi iniciado na cidade.

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“Antes mesmo de existir a lei, a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Primavera do Leste iniciou esse projeto. Havia toda uma preocupação com o meio ambiente e a destinação correta destas embalagens. Então a unidade surgiu em 1998 e em 2000 veio a lei de fato”, disse Simone Sartori, diretora de operações da Cearpa.

O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) representa a indústria fabricante e foi criado para atender às determinações da Lei federal nº 9.974/2000. Daí surgiu o Sistema Campo Limpo, ferramenta que coordena a destinação de todas as embalagens vazias do setor no país.

“Eu costumo dizer, que nós [Cearpa] somos a parte ambiental da distribuição de insumos agrícolas, que representa a sustentabilidade das revendas, pois cada um que comercializa, precisa receber essas embalagens, então o Cearpa foi criado com intuito de todos os produtores, depois de realizar a tríplice lavagem, entregarem no mesmo local”, explicou Sartori.

Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), em 1999, 50% das embalagens vazias de defensivos agrícolas no Brasil naquela época eram doadas ou vendidas sem qualquer controle. Cerca de 25% tinham como destino a queima a céu aberto, 10% ficavam armazenadas ao relento e 15% eram simplesmente abandonadas no campo.

Sem a gestão e destinação adequada, certamente há impacto ambiental. Quando as embalagens são abandonadas no ambiente, ou descartadas inadequadamente, podem contaminar o solo, as águas superficiais e os lençóis freáticos. Há ainda o problema da reutilização sem critério das embalagens, que coloca em risco a saúde de animais e pessoas.

Por dia, a unidade do Cearpa em Primavera do Leste recebe uma média de 5 a 9 toneladas de embalagens (variável de acordo com a demanda do período), embalagens essas que passam por uma triagem rigorosa e depois são destinadas à reciclagem ou incineração. Embalagens estas, que antes da existência de um local de recebimento eram dispensadas de forma irregular trazendo riscos para saúde e ao meio ambiente.

“Antes de ter a lei, pelo fato de não ter um local adequado para fazer a destinação, ou mesmo por falta de uma lei, os produtores ou queimavam, ou enterravam, jogavam no rio ou jogavam de qualquer maneira. Isso há muitos anos atrás. Hoje esse comportamento já mudou”, frisou a diretora de operações da Cearpa.

O recebimento das embalagens, corresponde a aproximadamente 95% do que foi fabricado. “Nós estamos no período em que mais recebemos embalagens. A expectativa é de receber 160 toneladas esse mês.  Neste último ano [2023], recebemos mais de 1.400 toneladas. Se pensarmos que a maior embalagem pesa em média 1.2 quilos, e conseguimos reunir milhares de tonelada, pensa em quantas embalagens damos a destinação correta? Isso é muito gratificante”, explicou Sartori.

Além das embalagens plásticas, as embalagens secundárias, como caixas de papelões, sacolas e sacos, também são encaminhados para a reciclagem. Diminuindo assim, de forma efetiva, o risco de contato com o material.

“A destinação correta impacta diretamente na vida das pessoas e até mesmo dos animais, que deixam de ter contato com as embalagens, que antes eram dispensadas de forma incorreta, ou até utilizada para outro fim. E que não tem mais esse contato e nem o risco de reutilização”.

De acordo com o produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, Marcos Bravin, a quantidade de embalagens de defensivos recebidas por dia pela Cearpa, evidenciam o cuidado que os produtores tem com o meio ambiente. Demonstrando que é possível produzir e preservar.
“O Cearpa Primavera do Leste desenvolve um trabalho de excelência em Primavera do Leste, o que evidencia a responsabilidade ambiental de todos os produtores e desmistifica todas as narrativas que colocam o produtor como vilão. Hoje, todas as propriedades são obrigadas a promover a logística reversa, e o Cearpa monitora e promove o devido fim a todas essas embalagens, que são recicladas e retornam à sociedade para novos fins. Sem dúvida, é um trabalho de excelência e responsabilidade”.
A preservação do meio ambiente e principalmente a exposição desnecessária a defensivos, é algo que foi levantado pelo secretário municipal de Meio Ambiente de Primavera do Leste, Higor Nascimento.
“Quando se tem a destinação correta, melhora sim a qualidade de vida da população, evita dessas embalagens chegarem ao aterro sanitário ou a terem um descarte irregular em outros locais, como em terrenos baldios e áreas de preservação permanente. Promovendo de forma direta a qualidade de vida”.

 

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UMA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Quando se fala na logística reversa, é possível notar uma mudança no comportamento por parte dos produtores rurais, que passaram a ter nas fazendas e propriedades, locais adequados para armazenamento, tanto das embalagens cheias, como vazias, mostrando que a preocupação está além da de não ser punido pela legislação rigorosa.

“Temos muitos produtores conscientes, que agendam com antecedência. Já compram pensando em devolver. Alguns chegam a relatar, que há 20 anos atrás, descartavam de forma incorreta. Mas que hoje se sentem felizes e seguros por ter onde descartar da forma correta, reforçando o compromisso dos produtores rurais e demais elos responsáveis pela destinação adequada no Mato Grosso”, expôs Simone Sartori, diretora de operações da Cearpa.

O presidente do Sindicato Rural, Marcos Bravin, vai além e destaca que a logística reversa contribui de forma significativa com a qualidade de vida de todos, estejam eles no campo ou na cidade.

“É impossível promover a agricultura sem a utilização dos defensivos, que são o "remédio" que ajuda na produção. Quando você fica doente, vai ao médico, ele receita um remédio, você faz o tratamento, e onde as embalagens desses medicamentos vão parar? As embalagens que nós, produtores, utilizamos têm fins previamente estabelecidos e são transformadas, por exemplo, em conduítes para a construção civil. Então, sem dúvida, a logística reversa contribui e muito para a qualidade de vida da população e deveria ser aplicada em outras áreas também”.

 

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Uma média de 1.500 alunos participam do projeto

PLANTANDO SEMENTES NO FUTURO

Em Primavera do Leste, a Cearpa realiza um trabalho que vai além do recebimento das embalagens, e que tem como foco alunos da rede públicas de ensino. Todos os anos, na Semana do Campo Limpo, onde escolas são visitadas e as crianças aprendem noções de sustentabilidade de cuidados com meio ambiente. Por ano, uma média de 1.500 alunos são contempladas através do projeto.

“Procuramos passar noções de como ajudar a salvar o planeta. Será que só o produtor tem essa obrigação? Ou eles também podem contribuir. Passamos noções simples sobre a separação de lixo úmido e seco, atividades simples do dia a dia de forma lúdica. Falamos sobre sustentabilidade. E vemos que muitos aprendem e aplicam o que aprenderam. São sementes plantadas agora e que esperamos que dê resultado no futuro”, contou Sartori.

Além das escolas públicas, universidade também são visitadas, onde os acadêmicos entram em contato direto com a legislação sobre a logística reversa, aprendendo de forma prática como ajudar na preservação do meio ambiente e qual a responsabilidade de cada elo do sistema.

Em contrapartida, os produtores rurais que mais se destacam no cuidado com o meio ambiente, no quesito destinação de embalagens, também são homenageados pelo Conselho Estadual.

“Neste prêmio buscamos destacar desde o produtor que entrega uma carreta cheia, ou aquele que entrega um galão por ano. O que buscamos fazer é incentivá-los a sempre fazer o descarte de maneira correta”, finalizou Simone Sartori.

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Acadêmicos também participam da Semana do Campo Limpo

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