Com o período chuvoso que deve seguir até ao menos o primeiro quadrimestre de 2025, o aparecimento de animais peçonhentos como serpentes, escorpiões e aranhas, têm se tornado mais frequentes em todo o estado. Este aumento levou as autoridades de saúde e do Corpo de Bombeiros a emitirem alertas com orientações para a população.
Em Primavera do Leste, o aparecimento de serpentes não venenosas se tornou quase que algo corriqueiro, mas na área rural de Primavera e região, animais peçonhentos, como as jararacas, levou 30 pessoas a buscar atendimento médico de urgência na Unidade de Pronto Atendimento – UPA, oito delas moradoras de Primavera do Leste. Dos 30 atendimentos, apenas um se tratou de acidente com escorpião e, neste caso, sem necessidade de uso de soro específico.
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De acordo com o alerta emitido pela Secretaria de Estado de Saúde – SES de Mato Grosso, animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno e têm condições naturais para injetá-lo em presas ou predadores. Além das serpentes, escorpiões e aranhas, também se enquadram em animais peçonhentos as abelhas, vespas, marimbondos, lacraias e arraias.
Um dos animais que mais surgem no período chuvoso é o escorpião. Segundo dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), em 2023 foram notificados 1.673 acidentes com escorpiões em Mato Grosso. Neste ano, de janeiro a 8 de novembro, já foram registrados 1.066 acidentes no Estado.
Primavera do Leste é a unidade referência quando se trata de acidentes com jararacas, sendo a UPA, a porta de entrada para estes atendimentos de urgência e administração monitora do soro específico. A enfermeira Danila Martins, da Vigilância Epidemiológica, destaca que, atualmente, a cidade é responsável por fornecer soro contra o veneno de jararaca aos pacientes da região imediata de Primavera e que o soro é reposto sempre que necessário, ou seja, mantendo sempre disponível.
“Nós somos referência para região aqui próxima, para o acidente com jararaca, para as outras cobras, os municípios têm, já a jararaca que é a grande maioria dos acidentes, a gente é referência. O soro fica localizado na UPA, porque esse paciente precisa passar por um atendimento médico de emergência, fazer exames, o soro precisa ser administrado sob supervisão médica. Então a UPA sempre tem esse soro, a gente faz a reposição sempre que necessário”, explicou.
Danila ressalta que, em caso de acidentes com esses tipos de animais, a busca por atendimento deve ser imediata. “Tem que buscar o atendimento o mais rápido possível, a gente sabe que a maior parte desses acidentes acontecem na área rural, então tem essa questão de deslocamento da zona rural, mas imediatamente busque atendimento. Se for possível identificar qual foi a cobra, vai auxiliar para o atendimento ser mais ágil, mas pelos sintomas desenvolvidos, o profissional de saúde consegue identificar qual tipo foi. Além disso existe o soro que serve para diferentes tipos de cobras.”
Corpo de Bombeiros já capturou mais de 1000 animais peçonhentos em Mato Grosso
No início do mês, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso também emitiu alerta quanto ao aparecimento de animais peçonhentos nas cidades devido as chuvas. Dados da Diretoria Operacional mostra que o aumento de ocorrências de captura de serpentes, por exemplo, aumentou 72%, subindo de 37 ocorrências em setembro, para 64 em outubro.
No mesmo período, outros 44 animais peçonhentos, como aranhas e escorpiões, também foram capturados no período, totalizando 145 ocorrências. No acumulado do ano, até o mês de outubro, 1.046 animais peçonhentos foram capturados pelos bombeiros militares.
Em Primavera do Leste, desde o mês passado, cerca de seis serpentes foram capturadas pela 6ª Companhia Independente de Bombeiro Militar – 6ª CIBM, em diversos bairro da cidade. Os animais estavam dentro de imóveis, nos quintais e em carros. Por sorte, nenhuma dessas serpentes eram peçonhentas, também não causaram nenhum dano.
O subtenente Rogério da 6ª CIBM, alerta que, independente do tipo de animal, a pessoa nunca deve tentar capturar. “A pessoa tem que se afastar do animal, não tente capturar ele se você não tem a expertise, porque ele pode te atacar, ele vê você como uma ameaça. Até mesmo a questão da jiboia, ela não tem veneno, mas a sua mordida pode causar infecção”, explicou. O subtenente reforça os cuidados para evitar o aparecimento desses animais, como evitar acúmulo de lixo, mato alto, entre outras precauções.
Veja as orientações:
• Em caso de acidente com animal peçonhento, busque atendimento médico imediatamente, de preferência hospitalar;
• Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo, cor, tamanho, entre outras (se possível registro fotográfico para facilitar a soroterapia específica);
• Se possível e caso não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão (exceto em acidentes por águas-vivas ou caravelas);
• Mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto-socorro;
• Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados.
O que não fazer?
• Não fazer torniquete ou garrote, não furar, cortar, queimar ou espremer o local da picada;
• Não fazer a sucção no local da ferida;
• Não aplicar qualquer substância sobre o local da picada, nem fazer curativos que fechem o local, pois isso pode favorecer infecções.
Medidas de prevenção:
• Examinar calçados e roupas antes de usá-las para verificar se há algum animal escondido;
• Usar calçados adequados e luvas para atividades em jardins e quintais;
• Vedar buracos em paredes, forros e assoalhos para evitar a entrada destes animais;
• Evitar deixar sapatos do lado de fora e pendurar roupas fora de armários;
• Limpar regularmente os quintais, janelas, rodapés e não acumular lixo orgânico e entulhos;
• Combater a proliferação de insetos como baratas e cupins, pois atraem escorpiões.
Em caso de emergência, contate imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) ou o Corpo de Bombeiros (193).