Como poderemos um dia, sem sentir na pele a crueldade do preconceito por conta da cor que trazemos impressa no nosso corpo, a dor da discriminação? Essa digital humana, que nos difere e nos torna únicos, que colore, encanta e fascina o mundo também segrega, hostiliza e ressuscita o fascismo que estava adormecido em uma sociedade que, diante do retorno deliberado do desconhecimento, enalteceu o racismo e afronta criminosamente o próximo.
O mundo testemunhou a perversidade do racismo com Vini Jr. O ódio desprendido de qualquer tipo de vergonha que ficou estampado no comportamento daqueles torcedores doeu em nós. Assistimos indignados a mais um ato de racismo. Até quando atitudes como estas serão toleradas e minimizadas, conferindo a esses comportamentos como sendo impensados e fortuitos, quando não culpabilizam a própria vítima?
Percebe-se que o episódio de racismo contra o Vini Jr., no estádio de Mestalla/Espanha revela-nos o quanto os torcedores do Valencia, CF, não estão habilitados a conviverem com a diversidade cultural, com atletas de identidades culturais distintas do mundo eurocêntrico (LIBÂNEO, José Carlos, 2016, p.60).
É inaceitável que atitudes racistas ainda perpetuem em nosso meio. É preciso que a história seja recontada a partir de quem, de fato, conhece a verdade. Do povo que ergueu nações a custo da própria vida, sendo explorado, escravizado, torturado e morto. Os apartaram dos seus amores, dos seus lares. Foram brutalmente acorrentados e amordaçados. E hoje, continuam sendo atacados de forma brutal.
Não podemos mais nos silenciarmos diante do racismo e nem de qualquer outra forma de preconceito. Só seremos todos livres e humanitários quando todos os outros também o for.
Temos que insurgir coletivamente!
*Elisangela Ricci é Mestranda em Educação (UFR)
*Neuzimar Santana Campos e Silva é Mestrando em Educação (UFR)