Entra ano e sai ano, e o problema de falta de água em Primavera do Leste persiste, mesmo com diversos investimentos anunciados pela Concessionária responsável pelo abastecimento, a Águas de Primavera, a população tem se utilizado das redes sociais e grupos de mensagens via aplicativo para relatar a falta de água.
Com uma estiagem que já ultrapassa os quatro meses, os bairros Poncho Verde, Tuiuiú, Castelândia, Buritis, Jardim Luciana, Guterres, Pioneiro, São Cristóvão, são os principais locais de onde vem as reclamações.
✅ Clique aqui para seguir o canal do CliqueF5 no WhatsApp
CASTELÂNDIA
Valdir Sott, morador do Bairro Castelândia, acordou às 02:00 do dia 03 de setembro, o objetivo era tentar armazenar água. Mas ao invés disso, ao abrir a torneira, o que saiu foi apenas ar. Ele registrou sua indignação em um grupo de interação mantido pelo Jornal O Diário.
“Olha como está a nossa situação aqui no Castelândia, isso foi de madrugada duas e pouco”, a mensagem de Valdir, veio acompanhada de vídeo, que mostra o hidrômetro girando, mesmo sem a água sair da torneira.
Outras pessoas também se manifestaram, “entra ano e sai ano e essa baderna com essa Água continua a mesma. Entra prefeito, sai prefeito e só dão mais $$$ pra eles. E os administrados que se lasquem. Uma vergonha”, comentou outro morador.
A falta de água no Castelândia e região vem sendo relatada desde sábado (31), quando a concessionária responsável pelo abastecimento, comunicou que uma oscilação na energia poderia trazer problemas para o abastecimento. Fato esse que não havia sido normalizado até o fechamento desta reportagem, com a população tendo que recorrer a parentes que moram em outros bairros, ou a caminhões-pipas.
Ao ser questionada, a concessionara Águas de Primavera, relatou que “A Águas de Primavera informa que está tratando de forma pontual e prioritária os casos de desabastecimento de água no município. A concessionária destaca a importância de que os usuários que identificarem qualquer irregularidade no fornecimento de água registrem protocolo junto aos canais de atendimento da empresa, para que as providências necessárias sejam tomadas, observadas as peculiaridades de cada caso”, diz parte nota, que não explica o motivo da falta de água em um dos bairros mais antigo da cidade.
A falta de água afeta também os moradores do Pioneiro, onde a baixa pressão impede que o líquido chegue aos reservatórios. Problema esse, relatado por anos e que segue sem ser resolvido.
PONCHO VERDE, LUCIANA, SÃO CRISTÓVÃO
Um vídeo que viralizou nas redes sociais, mostra um caminhão-pipa abastecendo os reservatórios da Unidade de Pronto Atendimento Médico de Primavera do Leste, no dia 02 de setembro de 2024.
Segundo moradores e comerciantes próximos, a cena tem se tornado comum nos últimos dias.
“É algo comum ficarmos sem água. E o pior de tudo é que o reservatório deles aqui no Poncho Verde está furado e água cai pra fora. Enquanto isso, nem quem tá internado tem dignidade de ter acesso a água. Em dias tão quente, ficar sem água é castigo”, disse Regina Almeida que tem um comércio em frente a UPA.
Como justificativa para a falta de água na região, no dia citado, a Concessionaria, comunicou que uma manutenção emergencial precisou ser feita no poço tubular localizado na Rua Minuano, e que a ação poderia ocasionar a baixa pressão, e que o abastecimento seria gradativamente restabelecido, assim que os reparos fossem feitos.
TUIUIÚ
A falta de Água no bairro Tuiuiú, vem sendo registrada desde o início do mês de agosto, onde moradores passaram a relatar vazamento do principal reservatório responsável pelo abastecimento do bairro. A água limpa e potável, descia direto pelo meio fio, indo parar na boca de lobo. Enquanto nas torneiras não tinha água.
“Vemos todos os dias a água escorrer na nossa frente, e não temos água nem pra beber”, relatou Cídio Zimmerman, aposentado que, mesmo com problemas de visão e mobilidade reduzida, tinha que encher baldes para deixar dentro de casa.
Não demorou muito, para a falta de água, afetar também, o bairro vizinho, o Guterres. Mesmo bairro onde se encontra um reservatório maior, que também passou a ser responsável por abastecer o Tuiuiú.
A falta de água no bairro, só foi aparentemente resolvida, 30 dias depois, quando a concessionária anunciou a desativação do reservatório localizado na Avenida Siriema e que não tinha mais capacidade técnica, e concluiu a interligação do bairro no sistema do Guterres.
A desativação do reservatório que foi construído pelos moradores há 24 anos, foi informada pela concessionária por meio de nota, que destaca que a partir do dia 27/8, a estrutura deixaria de funcionar.
“A Águas de Primavera informa que depois dos testes realizados nos últimos 15 dias constatou que não será possível seguir com o reservatório do Tuiuiú em operação. O reservatório está desativado, e não recebe mais água do sistema. O vazamento registrado em vídeo na verdade fazia parte dos testes de estanqueidade, realizado na noite da terça-feira (27.08) para determinar a desativação da estrutura.
A concessionária também utilizou o prazo para seguir com as obras de conclusão da interligação do bairro no sistema do Guterres, tornando o abastecimento no Tuiuiú mais robusto e com maior capacidade de reservação”.
OUTRA JUSTIFICATIVA
Concessionária diz que ligações irregulares prejudicam o sistema de abastecimento de água
Em informe publicitário publicado em 03 de setembro de 2024, a Concessionária Águas de Primavera do Leste, comunicou que as ligações irregulares de água estão entre os maiores problemas que afetam o fornecimento de água.
No município, a Águas de Primavera vem trabalhando fortemente para diminuir os índices de perda de água tratada e aprimorar a eficiência operacional do sistema de abastecimento. Com a campanha “Não Vacile, Regularize”, lançada no mês de agosto, as equipes das áreas Comercial e de Serviços da concessionária realizaram uma fiscalização educativa no bairro Buritis Universitário e encontraram 83 ligações clandestinas em obras, casas e construções, desviando um total de 4.980 metros cúbicos de água — o suficiente para encher duas piscinas olímpicas.
Após as vistorias, os proprietários dos imóveis irregulares receberam um prazo de sete dias para buscar a regularização junto à concessionária. “Ao incentivar a regularização das ligações, garantimos uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos. Os usuários que não cumpriram com o prazo estipulado, terão o fornecimento de água interrompido nos imóveis nesta primeira semana de setembro”, reforça o gerente comercial da Águas de Primavera, Daniel Moreira.
T.A.C. ASSINADO EM 2021
Diante de tantas reclamações quanto a falta de água no município, nossa equipe de reportagem procurou o Ministério Público, para saber quais medidas seriam tomadas em relação ao caso. Porém, fomos informados que nenhuma denúncia quanto ao problema havia sido feita junto ao órgão ministerial, que é um dos fiscalizadores do Termo de Ajustamento de Conduta – T.A.C. assinado em 2021, quando Primavera do Leste, passou por uma crise hídrica.
O T.A.C. prevê os Investimentos de R$ 78,22 milhões em saneamento básico nos próximos sete anos e uma série de obras estruturantes relativas ao contrato de concessão de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário para o período 2021-2026, de modo a garantir o crescimento sustentável do município.
De acordo com o T.A.C., a concessionária se compromete a executar obras necessárias para a ampliação da capacidade de produção de água, visando suprir a demanda de abastecimento até o ano de 2040. Como a construção de adutoras para captação de água no Córrego dos Bois, e quatro quilômetros de adutoras para captação de recursos hídricos alcançando o Córrego Perdidos, com prazo final para conclusão no próximo ano.
“Logística e economicamente falando, essas são as ações mais eficazes para a assegurar o abastecimento de água para o município. Inclusive esses trajetos (das adutoras), foram pensados e estudados para uma eventual necessidade de ampliação até o Rio da Mortes”, diz parte do T.A.C. assinado.
A falta de água tem se tornado um problema constante na cidade, e se demonstra como algo que precisa ser resolvido o mais rápido possível, caso contrário, a cidade deixará de ser tão atrativa para investidores, como tem sido.
Anderson 04/09/2024
Incrível a capacidade dessa empresa de inventar desculpas e botar a culpa nos outros. Todos os anos eles usam a desculpa de falta de energia para justificar a falta de água na cidade toda. Sem água na cidade toda, más a culpa é da falta de energia em um bairro no canto da cidade.
1 comentários