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LA CATEDRAL

Presos pagavam propina para trabalhar na empresa de faccionado, aponta investigação

Pré-candidato a prefeito por General Carneiro foi um dos alvos de operação da Polícia Civil

Da Redação

A Operação La Catedral, deflagrada pela Polícia Civil de Primavera do Leste na terça-feira (7), teve como um dos alvos de mandado de busca e apreensão o ex-vereador e atual pré-candidato a prefeito por General Carneiro, Magnun Vinnicios Rodrigues Alves de Araújo, preso em 2022 e condenado por furto de gado em Primavera do Leste. Atualmente ele cumpre pena no regime semiaberto e utiliza tornozeleira eletrônica.

Ao todo foram 19 alvos durante a operação que cumpriu 132 de mandados judiciais, entre busca e apreensão, prisão preventiva e medidas cautelares, bloqueios de contas bancárias, além de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados. A investigação apura os crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de capitais e facilitação de saída de pessoa presa para atividades ilegais.

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Os mandados são cumpridos em cidades de quatro estados: Primavera do Leste, Paranatinga e Dom Aquino (MT); Uberlândia (MG); Rio Verde (GO) e Santana do Araguaia (PA). A apuração, de quase um ano, reuniu diversas informações produzidas a partir de relatórios financeiros e investigativos, identificou atividades ilegais envolvendo pessoas presas e o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste, Valdeir Zeliz dos Santos.

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A Polícia Civil apurou a existência de uma associação criminosa que se formou para comprar facilidades e movimentar dinheiro obtido ilegalmente e promover a lavagem de capitais por meio de empresas de construções e, ainda, ofertar vantagens ilícitas a servidores públicos. Para legitimar os valores recebidos, os investigados utilizaram terceiros e também de pessoas jurídicas para movimentar os valores ilícitos.

Um dos principais alvos da investigação é Janderson dos Santos Lopes, de 30 anos, o Cowboy, detido em regime fechado na unidade prisional de Primavera do Leste, após ser condenado a 39 anos de reclusão. Apesar de recluso, a Polícia Civil identificou que ele tinha total liberdade para continuar com suas atividades criminosas lideradas a partir da cadeia pública.

Foram alvos da operação Janderson dos Santos Lopes, Valdeir Zeliz dos Santos, Josué Pereira Santana, Marconi Cesar Magalhães, Alessandro Rodrigues Soares, Damilles Kaely Lima Meira, Gutemberg dos Santos Mesquita, Valdir da Silva Araújo, Adriano da Silva Negreiros, Edimara Farias Neves, Fabio Belfort Costa Filho, Tiago Candido do Amaral, João Francisco da Silva Santos, Marcio Ferreira Sojo, Jeová Vieira de Aguiar, Nathan Gabriel Oliveira dos Santos, Magnun Vinnicios Rodrigues Alves de Araújo, Denilvaldo Gomes de Arruda e José Castro Neto. Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão no interior da Cadeia Pública de Primavera do Leste, abrangendo a sala do diretor da unidade, além de todas as celas do estabelecimento prisional.

A decisão que autorizou a operação também determinou o sequestro de 65 veículos, como caminhonetes Volkswagen Amarok, Chevrolet S10, Ford Ranger, Toyota Hilux, Ford F350 e Dodge Ram Laramie, além de carros, caminhões, reboques e dollies. Foi determinado ainda o sequestro de três imóveis ligados a Janderson dos Santos Lopes, conhecido como “Cowboy” e apontado como uma das lideranças do Comando Vermelho em Primavera do Leste.

Quem também foi alvo do bloqueio em três propriedades, foi o diretor da Cadeia Pública de Primavera do Leste, Valdeir Zeliz dos Santos. Além da dupla, outras 17 pessoas foram alvos de mandados judiciais. A decisão também revogou a permissão do trabalho externo de quatro presos: Janderson dos Santos Lopes, Nathan Gabriel Oliveira dos Santos, Márcio Ferreira Sojo e José Inácio da Silva.

Outros 11 alvos da operação terão que cumprir medidas cautelares. Entre eles, estão o diretor da Cadeia Pública de Primavera do Leste, Valdeir Zeliz dos Santos, que assim como Josué Pereira Santana, além de serem afastados dos cargos, deverão manter distância mínima de 200 metros das sedes da Cadeia Pública Municipal de Primavera do Leste e do Projeto Segunda Chance, para evitar que influenciem eventuais testemunhas ou prejudiquem a regular investigação e eventual instrução probatória.

Os outros que sofreram medidas cautelares foram Rafael Cardoso de Moraes, Edimara Farias Neves, Rafael Moraes Dias, Fabio Belfort Costa Filho, Marconi Cesar Magalhães, Alessandro Soares Rodrigues, Damilles Kaely Lima Meira, Valdir da Silva Araújo e Adriano da Silva Negreiros. Eles foram proibidos de se ausentarem da cidade, sem autorização judicial, além de não poderem também se aproximar da Cadeia Pública Municipal de Primavera do Leste e do Projeto Segunda Chance, e também não podem manter contato com os envolvidos na investigação.

 

INVESTIGAÇÃO

A investigação apontou que cerca de 30 presos pagaram propina para terem vantagens na Cadeia Pública do Primavera do Leste. A decisão, que autorizou a ação policial, apontou ainda que uma das lideranças do Comando Vermelho na cidade, Janderson, além do diretor da unidade prisional, empregavam detentos em suas chácaras, como "atividade extramuros".

De acordo com o levantamento, Carlos Alberto Bonometo, Elisvaldo Resplande, João Maria Pinto, Rivonho Mendes Gonçalves, Celio Mariano Cardoso Torres, Marcos Augusto Salles, Manoel do Livramento Souza Junior, Elias Alves da Silva, Deivede Rezende Silva, Francildo Balbino de Alcantra, Vagner Donizete Mendes da Rocha, Neldson Robeiro Catuaba Santos, Aldevino Rosa de Oliveira Filho, Janio Paulo da Silva Bensiman, Ilmar Daniel Hermes, Uigor Almeida de Oliveira, Marlo Cardoso Zukoviski, Vitor Manoel Alves do Oliveira, Emerson Pereira Teles e Rogério Marcos da Silva trabalhavam na chácara de Janderson.

Quem também empregava presos em sua propriedade rural era o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste, Valdeir Zeliz dos Santos. Lá, trabalhavam Marcos Augusto Salles, Valdeir Soares da Silva, Carlos Alberto Bonometo, Elisvaldo Resplande, João Maria Pinto, Rivonho Mendes Gonçalves, Celio Mariano Cardoso Torres, Valdir da Silva, Edson Jacson Silva Oliveira, Ivaldo Pereira Machado Silva, Franquinei Batista de Negreiros, Divino Caciano Nicolau, Vanderley Nogueira Fonseca, Bruno Ramos Correia, Marcelo Delguingaro da Silva, Aldevino Rosa de Oliveira Filho, Elton Luiz de Andrade, Julieton dos Santos Veloso, Rogérios Marcos da Silva, Gilberto Viera Alves Filho, Rosalvo dos Santos Silva, Vagno Cunha de Assis, Neldson Roberio Catuaba Santos e João Francisco da Silva Santos Neto.

Os investigadores apontaram que os detentos pagavam propina em troca de benefícios dentro da cadeia de Primavera do Leste, além de possíveis indicações para realização de trabalho externo. Entre os suspeitos, estava o advogado Rafael Cardoso de Moraes, que recebia valores dos detentos em suas contas bancárias e participava da lavagem de dinheiro da organização criminosa.

Alguns presos e ex-detentos, como José Inácio da Silva, Rafael Moraes Dias, Nathan Gabriel Oliveira dos Santos e Fábio Belfort Costa Filho, tinham como função a captação de presidiários e a cobrança de valores devidos por eles em troca dos benefícios concedidos dentro da cadeia de Primavera do Leste.

A investigação detalhou ainda a atuação de integrantes da Associação Proseg Segunda Chance, como Josué Pereira Santana, que também é funcionário da Prefeitura de Primavera do Leste e recebia propina para não fiscalizar os presos, além do presidente da entidade, Marconi Cesar Magalhães, que recebeu diversos valores em suas contas bancárias.

“Com efeito, além das transações entre os próprios suspeitos, durante a investigação foi possível identificar vários presos e seus familiares depositando dinheiro nas contas correntes dos investigados. Nesse contexto, para investigar os motivos que originaram os pagamentos, foi elaborado o relatório policial. Constatou-se que 30 presos ou seus familiares realizaram pagamentos nas contas dos investigados para obter benefícios dentro da cadeia”, aponta a decisão.

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